quinta-feira, 12 de julho de 2007




A lente do amor grudou na retina e trouxe a realidade
para a paixão.
Agora, nela, vê-se poros abertos, veias desconcertantes
e azuis ao lado das narinas, que inspiram e expiram
o cansaço enfisêmico dos pulmões que já inflaram de
êxtase e susto
espera e dor.

Como é engraçada a miopia dos amantes histéricos.

Mas os olhos podem descansar do criativo,
as lentes revelam o cabelo debaixo da peruca e,
abaixo do cabelo, o couro. Que por vezes
escama e coça e dá vontade de escalpelar.

Como é engraçada a verdade que ninguém quer ouvir.

E aqueles, antes cegos, quase idiotas, reconhecem
primeiro a sombra, depois os relevos,
enfim as cores e as texturas.
E as lentes preenchem a transparência, entupindo-a
de estômagos, pâncreas, fígados e intestinos;
não dando mais para ver-se - vê-se o outro.
Então há o horror, e por fim, que é começo, o amor.

Como é engraçada a vida, posto que é só isso.

Um comentário:

rogerio disse...

os amantes são poetas, sim, claro que são. e, quando é amor verdadeiro que anima o coração, a poesia continua, nova, emocionada e altiva, dia a após dia, até o dia em que, fisicamente as almas se separam, para reencontrarem-se, breve, onde descansam todas as almas puras e apaixonadas. muito legal o blog, helô! vou estar sempre por aqui incentivando e aplaudindo! beijos! rogerio (cronicato)

ELIZABETH SECKLEN

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"o luxo é uma válvula de escape tão indispensável à atividade humana quanto o repouso, o esporte, a reflexão (ou a oração)." Jean Castarède