quarta-feira, 1 de agosto de 2007

de "portas" abertas


- olá! você por aqui? quanto tempo hein?... bateu uma saudade, foi isso?

- mais ou menos, eu resolvi dar uma passada rápida, mas nem sei se deveria estar aqui…

- quer dizer então, que aqui não é exatamente o lugar onde você queria estar?

- peraí, você é que tá falando isso…

- tudo bem, já que entrou, vai querer o quê?

- sei lá, só vim me distrair um pouco

- fique à vontade, só te peço pra tomar cuidado com as coisas que eu tenho aqui… porque são frágeis

- humm… em todo lugar que eu entro as pessoas acham que sou um demolidor, por que será? tenho cara de mau?

- “cara” você não tem, mas é sempre bom avisar… eu aviso a todos que chegam

- vem muita gente aqui?

- ultimamente o movimento caiu. Andei de portas fechadas, fiz uma pequena reforma…

- ah, acabou de reabrir? vejo que tem pouca coisa por aqui…

- é que eu joguei muita coisa fora, dei uma geral. Só abro as portas nos dias em que sinto vontade… mas e aí, vai querer alguma coisa?

- o que você sugere, já que tem tão pouca coisa…

- tá achando pouco? então, cai fora

- já sei porque o movimento anda fraco… anda estressadinha?

- é que eu não tô mais afim de aguentar caras como você, que chegam olham o lugar “por cima” sem reparar nas flores que eu coloquei hoje bem cedo, nas paredes que eu pintei, nos quadros que eu escolhi… tá ouvindo a música? não, é claro que não! ... pois é isso que eu tenho, se quiser fique, senão se manda!

- Aí mulher, viajou hein? Tô fora!

Saiu e bateu a porta.
Foi melhor assim. É o tipo que não gosta de nada, vive na dúvida, não sabe o que quer...

Depois de alguns dias, batem à porta.

Ele voltou, disse que bateu uma saudadezinha... então resolveu dar uma passadinha de novo.
Puxei-o pelo braço, dei-lhe um longo beijo, que demorou tanto que até adormeceu a minha língua, empurrei-o pra cima da mesa e mostrei tudo que a casa tinha pra oferecer.

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ELIZABETH SECKLEN

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"o luxo é uma válvula de escape tão indispensável à atividade humana quanto o repouso, o esporte, a reflexão (ou a oração)." Jean Castarède